segunda-feira, 19 de maio de 2008

Vazio

Ao som de Insensatez, na voz de Fernanda Takai começo minha semana confessando que acordei hoje inexplicavelmente sentindo falta de sentir falta de alguém. Normal, para qualquer um, mas para mim, ainda acho estranho, sentir falta de alguém. De quem? No meu horizonte não vejo ninguém se aproximar... na verdade acho que não estou deixando, tenho feito tormentas no meu mar para que nenhum navio consiga chegar até ao meu porto para atracar mas mesmo sentindo falta daquele telefona de alguém especial pra dizer um simples bom dia, ainda prefiro passar o dia com este vazio sem pensar em preencher tudo isso, do que arriscar a alimentar a presença da ausência, tipo aqueles caras que dizem que estão mas na verdade nunca estão, ou estiveram ali com seus verdadeiros sentimentos...
não, não mesmo
...prefiro sonhar mais um pouco, a única real e forte necessidade que sinto agora é a de me amar, me sentir feliz e... MAGRA (não da pra deixar de falar nisso!!!) e usar incansavelmente a frase que escutei :

EU ME AMO E ISSO É RECÍPROCO!

E pra não deixar de ser Carol, Fernando Pessoa que ME EXPLIQUE, ou não, em suas prosas....

"Viver uma vida desapaixonada e culta, ao relento das idéias, lendo, sonhando, e pensando em escrever, uma vida suficientemente lenta para estar sempre à beira do tédio, bastante meditada para se nunca encontrar nele. Viver essa vida longe das emoções e dos pensamentos, só no pensamento das emoções e na emoção dos pensamentos. Estagnar ao sol, douradamente, como um lago obscuro rodeado de flores. Ter, na sombra, aquela fidalguia da individualidade que consiste em não insistir para nada com a vida. Ser no volteio dos mundos como uma poeira de flores, que um vento incógnito ergue pelo ar da tarde, e o torpor do anoitecer deixa baixar no lugar de acaso, indistinta entre coisas maiores. Ser isto com um conhecimento seguro, nem alegre nem triste, reconhecido ao sol do seu brilho e às estrelas do seu afastamento. Não ser mais, não ter mais, não querer mais... A música do faminto, a canção do cego, a relíquia do viandante incógnito, as passadas no deserto do camelo vazio sem destino..."

Livro do Desassossego [45]

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